Aline Inácio (2019)
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS
INSTITUTO DE CIÊNCIAS ATMOSFÉRICAS
PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO
EM METEOROLOGIA
Aline da Silva Inácio Cavalcante
ANÁLISE DA MORFODINÂMICA ESTUARINA E VARIAÇÃO DE LINHA DE
COSTA DO DELTA DO RIO SÃO FRANCISCO
Maceió, AL
2019
Aline da Silva Inácio Cavalcante
ANÁLISE DA MORFODINÂMICA ESTUARINA E VARIAÇÃO DE LINHA DE
COSTA DO DELTA DO RIO SÃO FRANCISCO
Dissertação de Mestrado apresentada ao
Programa de Pós Graduação em Meteorologia
da Universidade Federal de Alagoas, como
requisito parcial para obtenção do grau de
Mestra em Meteorologia.
Orientador: Prof. Dr. Geórgenes Hilário
Cavalcante Segundo
Coorientador:
Cavalcante
Maceió, AL
2019
Prof.
Me.
Lucas
Barbosa
Este trabalho é dedicado a minha pequena,
Beatriz Inácio Cavalcante.
Catalogação na fonte
Universidade Federal de Alagoas
Biblioteca Central
Divisão de Tratamento Técnico
Bibliotecário: Marcelino de Carvalho Freitas Neto – CRB-4 – 1767
C376a Cavalcante, Aline da Silva Inácio.
Análise da morfodinâmica estuarina e variação de linha de costa do delta do rio
São Francisco / Aline da Silva Inácio Cavalcante. – 2019.
60 f. : il. color.
Orientador: Geórgenes Hilário Cavalcante Segundo.
Coorientador: Lucas Barbosa Cavalcante.
Dissertação (mestrado em Meteorologia) – Universidade Federal de Alagoas.
Instituto de Ciências Atmosféricas. Maceió, 2019.
Bibliografia: p. 57-61.
1. São Francisco, Rio, Bacia. 2. Vazões naturais. 3. RapidEye (Satélites
meteorológicos). 4. Sensoriamento remoto. I. Título .
CDU: 528.8
AGRADECIMENTOS
Esta dissertação é fruto não apenas de um esforço pessoal, mas também do apoio de
diversas pessoas que me deram incentivo intelectual e emocional, direta ou indiretamente,
numa das fases mais delicadas da minha vida pessoal. Por esse motivo, registro aqui os
meus mais sinceros agradecimentos:
Ao meu orientador Georgenes Cavalcante, por tudo que me ensinou nessa jornada
de mais de dois anos de estudo, por toda a paciência que teve comigo nessa retomada a
academia, pelas correções minuciosas de todos os textos que enviei e por toda compreensão
que teve com o momento pelo qual passei, justamente na reta final do mestrado. Foi muito
bom trabalhar com um profissional extremamente competente e humano.
Ao meu coorientador e também esposo Lucas Cavalcante, por todo companheirismo,
amor e conhecimento compartilhado ao longo dessa jornada, todo meu carinho em forma
de obrigada, você foi o pilar que me sustentou nos momentos que pensei em desistir.
Aos meus pais, Carlos e Luciana que me deram suporte emocional para seguir a
jornada acadêmica.
Aos meus sogros Valdieje e Ronaldo, eles foram peças-chave nesse caminho que
percorri até aqui, sempre me apoiando emocionalmente, muitas vezes acreditaram mais
em mim que eu.
Aos membros da banca de qualificação e defesa pelas sugestões que tanto contribuíram para a melhoria desta dissertação
À CAPES pela bolsa concedida.
E por fim, sou grata a Deus, pois sem Ele nada seria possível.
“As pessoas que vencem neste mundo são
as que procuram as circunstâncias de
que precisam e, quando não as encontram,
as criam.”
(George Bernard Shaw)
RESUMO
O ambiente costeiro não somente pela sua interação natural como também por fatores
antrópicos consiste em um ambiente amplamente complexo. Partindo dessa premissa, esta
pesquisa tem como objetivo analisar a morfodinâmica estuarina e variação de linha de costa
da Foz do Rio São Francisco, analisando as vazões durante o período de dez anos estudados
(2009-2018), extraindo linhas de costa através do processamento do Índice de Diferença
Normalizada da Água (NDWI) e analisando a variação interanual da largura do Delta do
São Francisco. Nas análises optou-se por utilizar para estimativa do NDWI as imagens do
sensor REIS do satélite RapidEye, realizando um procedimento de extração de contorno.
Para a extração da linha de costa, aplicou-se um método matemático denominado diferença
simétrica, com o intuito de analisar a morfodinâmica estuarina, mostrando as áreas de
ampliação e redução da linha de costa. Os resultados encontrados evidenciam que as vazões
durante o período de estudo sofreram variações abruptas e podem ser compreendidas
através de três ciclos distintos: alta vazão acima de 1.500 m3/s (2009-2012), período de
transição entre 1.500 m3/s e 1.000 m3/s (2013-2015) e baixa vazão abaixo de 900 m3/s
(2006-2018). As linhas de costa sofreram grandes variações com aumentos e diminuição das
áreas junto à foz, sendo mais intenso a partir de 2013. A largura do Delta do São Francisco
mostrou uma correlação direta com o padrão das vazões e capacidade do rio em transportar
sedimento em direção à foz. Durante o período de alta vazão, o sedimento removido pela
deriva litorânea junto à foz era naturalmente recomposto pelo material exportado pelo rio,
mantendo a largura da do delta estável. Por outra lado, após a redução da vazão, a carga
de sedimento em direção à foz reduziu, inibindo a reposição de sedimentos e causando
aumento da largura do delta.
Palavras-chave: vazão. rapideye. sensoriamento remoto.
ABSTRACT
The coastal environment not only by its natural interaction but also by factorsAnthropic
conditions consists of a complex environment. This research aims to analyze the estuarine
morphodynamics and shoreline variation at the São Francisco River mouth. The analyses
consist of correlating the ten years of river discharge from between 2009 and 2018, extraction
of shorelines by processing the Difference IndexNDWI) and estimating the interannual
variation in the width of the São Francisco Delta. NDWI estimation was based on the
images of the RapidEye satellite REIS sensor, performing a contour extraction procedure.
The analyze of the estuarine morphodynamics is performed through a mathematical
method to extract the shorelines. Results found evidence that the flows during the study
period suffered abrupt variations and can be partitioned in three distinct cycles: high flow
above 1500 m3/s (2009-2012), the transition period between 1.500 m3/s and 1.000 m3/s
(2013-2015) and low flow below 900 m3/s (2006-2018). The shorelines suffered significant
variations with increases and decrease of the areas near the mouth and were more intense
from 2013. The width of the São Francisco Delta showed a direct correlation with the flow
pattern and river capacity to carry sediment towards the mouth. During the period of high
flow, the sediment removed by the coastal drift near the mouth was naturally recomposed
by the material exported by the river, keeping the width of the delta stable. On the other
hand, after the flow reduction, the sediment load towards the mouth reduced, inhibiting
sediment replacement and causing an increase in delta width.
Keywords: flow. rapideye. remote sensing.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 – (a) Soldado carregando os pombos para o campo de batalha, (b) Pombocorreio com máquina acoplada ao peito..................................................... 23
Figura 2 – Esquema representando os quatro elementos principais da aquisição de
sensoriamento remoto. ...................................................................................... 25
Figura 3 – Propagação da radiação eletromagnética, em função dos campos elétrico
(E) e magnético (M). .................................................................................. 26
Figura 4 – Representação da eliminação de um fóton, provocada pela mudança de
órbita de um elétron. ................................................................................. 27
Figura 5 – (a) Representação de um sensor passivo, (b) Representação de um sensor
ativo. .......................................................................................................... 27
Figura 6 – Representação de objetos dentro de um pixel, quando mais de um objeto
esta presente, o valor captado é a soma de todas as interações e não do
objeto individual. ...................................................................................... 28
Figura 7 – Assinatura espectral de alguns alvos encontrados na Terra ........................ 29
Figura 8 – Representação das diferentes radiações radiométricas. .............................. 30
Figura 9 – Representação da órbita e da disposição da constelação RapidEye ............. 31
Figura 10 – Interface inicial do QGIS 3.4.7, codinome Madeira ................................... 32
Figura 11 – Área de estudo (Delta do Rio São Francisco). ............................................. 34
Figura 12 – Sistema Hidráulico do Rio São Francisco....................................................... 35
Figura 13 – Tela inicial do Geo Catálogo da Planet Labs Inc. ..................................... 36
Figura 14 – Separação dos tipos de coberturas (água e terra) ...................................... 38
Figura 15 – Extração de contorno ................................................................................. 39
Figura 16 – Conversão de linhas para polígonos ........................................................... 40
Figura 17 – Processo de diferença simétrica ..................................................................41
Figura 18 – Vazões para o período (2009 a 2018) - Estação Própria ............................ 43
Figura 19 – Vazão (2009 a 2018) e datas das imagens .................................................. 44
Figura 20 – Precipitação mensal por ano estudado ...................................................... 45
Figura 21 – Linhas de Costa 2009-2018 ........................................................................ 47
Figura 22 – Mapa Diferença (2009-2010), (2010-2011) e (2011-2012) .............................. 48
Figura 23 – Mapa Diferença (2012-2013), (2013-2014) e (2014-2015) .............................. 49
Figura 24 – Mapa Diferença (2015-2016), (2016-2017) e (2017-2018) .............................. 50
Figura 25 – Mapa Diferença entre os anos de 2009 e 2018 ............................................51
Figura 26 – Local de medida para largura do Delta (sentido Sudoeste-Nordeste) ....... 53
Figura 27 – Vazão x Largura ......................................................................................... 54
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Alterações a jusante do barramento .......................................................... 18
Tabela 2 – Usinas Hidrelétricas instaladas no Rio São Francisco .................................. 20
Tabela 3 – Características de satélites atuais. ............................................................. 24
Tabela 4 – Resolução espacial de sensores orbitais e sua relação com a faixa de
imageamento. ..................................................................................................... 28
Tabela 5 – Nomes dos satélites que compõe a constelação RapidEye ............................ 30
Tabela 6 – Características da constelação RapidEye ....................................................... 31
Tabela 7 – Irradiância Solar da Exoatmosfera (EAI) .............................................. 37
Tabela 8 – Quantitativo de ampliação e redução por ano de linha de costa ............... 52
Tabela 9 – Comprimento do delta do São Francisco ..................................................... 52
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AL
Alagoas
ANA
Agência Nacional de Águas
BA
Bahia
CHESF
Companhia Hidro Elétrica do São Francisco
EAI
Irradiância Solar da Exoatmosfera
ND
Número digital
NDWI
Normalized Difference Water Index (Índice de Diferença Normalizada
da Água)
OLI
Operational Land Imager (Imageador Operacional da Terra)
PAN
Câmera Pancromática e Multiespectral
PE
Pernambuco
PNRH
Política Nacional de Recursos Hídricos
RAD
Radiância
REF
Reflectância
REIS
RapidEye Earth Imaging System (Sistema de imagem da Terra RapidEye)
REM
Radiação eletromagnética
SE
Sergipe
Singreh
Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos
SIRGAS2000
Sistema de Referência Geocêntrico para as Américas
UTM
Universal Transversa de Mercator
WCS
Web Coverage Service (Serviço de cobertura da web)
WFS
Web Feature Service (Serviço web de feições)
WFS-T
Web Feature Service Transaction (Serviço web de feições - transacionais)
WMS
Web Map Service (Serviço web de mapas)
WMS-C
Web Mapping Service - Cached (Serviço de Mapeamento da Web - em
cache)
WMTS
Web Map Tile Service (Serviço web de mapas - em partes)
LISTA DE SÍMBOLOS
ha
Hectare
MW
Megawatts
m
Metro
E
Este
N
Norte
bits
Binarys Digits (Dígitos binários)
km
Quilômetros
SUMÁRIO
1
INTRODUÇÃO ................................................................................................ 15
2
2.1
2.1.1
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................... 17
Efeitos da alteração no sistema de cursos de águas naturais........... 17
Efeitos hidrológicos, geomorfológicos e sedimentológicos gerais da construção
e operação de barragens ............................................................................ 17
2.1.1.1
Vazão .........................................................................................................18
2.1.1.2
Erosão Fluvial ..............................................................................................18
2.1.1.3
Transporte de material ..................................................................................19
2.2
2.3
2.3.1
Histórico do sistema hidrelétrico brasileiro e os impactos advindos
dos barramentos .................................................................................... 19
Rio São Francisco ................................................................................. 20
Características Gerais ................................................................................. 20
2.4
2.5
2.5.1
2.5.2
2.5.3
2.6
2.6.1
2.6.2
2.7
2.7.1
2.7.2
2.8
2.8.1
2.8.2
2.8.3
2.8.4
2.9
2.10
2.10.1
Meio Ambiente e Política Pública ......................................................... 21
Legislação aplicada aos recursos hídricos .......................................... 21
O Código de Águas de 1934 – Decreto No 24.643/34 ................................ 21
Política Nacional de Recursos Hídricos (PNRH) – Lei No 9.433/97 ............... 21
Agência Nacional de Águas (ANA) – Lei No 9.984/00 ................................ 22
Sensoriamento Remoto ................................................................................ 23
Perspectiva histórica .................................................................................. 23
Definição de sensoriamento remoto ............................................................. 24
Radiação Eletromagnética .................................................................... 25
Modelo Ondulatório ............................................................................. 26
Modelo Corpuscular ................................................................................... 26
Sistemas Orbitais e Sensores ............................................................... 27
Resolução espacial ..................................................................................... 28
Resolução espectral ................................................................................... 28
Resolução radiométrica .............................................................................. 29
Resolução temporal ................................................................................... 30
Satélites da Constelação RapidEye ...................................................... 30
QGIS........................................................................................................ 32
Características técnicas do QGIS ................................................................. 32
3
3.1
ÁREA DE ESTUDO ................................................................................ 34
Delta do Rio São Francisco .................................................................. 34
3.2
Sistema hidráulico do Rio São Francisco ............................................ 34
4
4.1
4.2
4.2.1
MATERIAIS E MÉTODOS ...................................................................... 36
Aquisição das imagens do satélite RapidEye ...................................... 36
Etapas para o cálculo do Índice de Diferença Normalizada da Água
(NDWI) ......................................................................................................... 37
Conversão de Números Digitais (ND) para reflectância ................................. 37
4.2.2
4.3
4.4
Estimativa do NDWI ............................................................................ 38
Extração do contorno da linha de costa .............................................. 38
Extração das áreas de ampliação e redução ....................................... 39
5
5.1
5.2
5.2.1
5.2.2
5.3
RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................... 42
Análise da Vazão x Período de Estudo ................................................ 42
Morfodinâmica do Delta do Rio São Francisco ................................... 46
Análise da série temporal (2009 a 2018) da linha de costa .......................... 46
Análise temporal (2009 a 2018) da morfologia costeira ................................. 48
Análises da variação de largura do Delta do Rio São Francisco ....... 52
6
6.1
CONCLUSÃO .................................................................................................. 55
Recomendações .................................................................................... 56
REFERÊNCIAS ....................................................................................... 57
15
1 INTRODUÇÃO
Segundo Oliveira e Melo (2015) o ambiente costeiro constitui uma paisagem que
apresenta grande complexidade devido à interação dos elementos físicos (continente,
atmosfera e oceano) e antrópicos. Como principais modeladores da paisagem costeira,
podem-se destacar as ondas, as correntes litorâneas, o regime de marés, o regime de ventos,
a variação do nível do mar, entre outros (BIRD, 2011).
Para Rosati (2005) o equilíbrio da zona costeira é definido pelo sistema continenteatmosfera-oceano e alterações em qualquer um desses vetores propiciam um ambiente
instável em seus padrões morfodinâmicos, principalmente ligados aos processos de sedimentação e de erosão.
Suguio (1973) e Perillo, Angeles e Piccolo (1999) afirmam que as fontes de sedimentos
mais relevantes para os sistemas fluviais são as derivadas das drenagens da própria bacia,
a erosão do fundo, margens e paredes laterais do próprio rio, que se arranjam e configuram
a modelagem do canal e da sua desembocadura.
Neste cenário inserem-se as modificações morfológicas e hidrológicas, que segundo
Pinheiro e Morais (2010) são influenciadas pelos represamentos dos corpos hídricos. O
barramento do leito de Rio, reduz sua vazão, além de reduzir o transporte de material
particulado para a desembocadura, contribuindo para o avanço da cunha salina e alteração
das configurações de linha de costa.
A foz do Rio São Francisco esta inserido neste meio sendo considerado um ambiente
fluvial deltaico, ou seja, terminado em um delta. Segundo Mabesoone (1983) tal estrutura
é composta por um conjunto de sedimentos formados pelos materiais arrastados através
da corrente fluvial, que em contato com massas permanentes de água e auxílio das ondas
acabam se depositando as margens da desembocadura. Associado a este ambiente ocorrem
as interferências antrópicas em seu regime hidrológico o que tornam esta área susceptível
a impactos ambientais.
Atualmente no São Francisco temos a presença acelerada de erosões costeiras, a
qual em sua grande parte relacionasse à retenção de sedimentos fluviais ao longo dos
diversos barramentos existentes no decorrer do Rio.
Uma forma importante de perceber esta variação e o impacto ambiental por ela
causada é através do estudo da variação da linha de costa, que segundo Suguio (1992) é o
limite entre o continente e a porção adjacente ao mar onde não há efetiva ação marinha
no alcance máximo das ondas, concretizando-se pela presença de falésias, no limite entre a
vegetação e a praia, ou nos costões rochosos, ou por qualquer outra feição que marque
Capítulo 1. Introdução
16
o início da área continental, para Dolan et al. (1980) é definida como a interface entre a
terra e a água.
Ambas as definições expressam a instabilidade existente em sua demarcação em
função de ser extremamente suscetível às dinâmicas costeiras, que influenciam nas constantes modificações de posicionamento ao passar dos anos. Quando tratamos de todos estes
fatores em sistemas fluviais, a instabilidade é ainda maior, uma vez que além de todos os
elementos físicos supracitados, apresentam também variações em suas vazões (ESTEVES,
2003). Tratando do Rio São Francisco, ainda se tem o agravante das diversas hidrelétricas
que são instaladas no decorrer do seu curso principal, que causam uma variação abrupta
da descarga fluvial.
Segundo Noernberg (2001) entre estes processos dinâmicos inclui-se ainda o balanço
de sedimentos, o qual apresenta destacada importância social e ambiental, alterando
assim a morfologia costeira. Segundo Wright (1995), as alterações na morfologia costeira
podem ser sintetizadas pelos processos de acumulação (deposição) ou remoção (erosão) de
sedimentos.
Diante do exposto a inserção de novas tecnologias para analisar e processar a
dinâmica das linhas de costa, se torna indispensável. Analisando o avanço tecnológico
ocorrido nas últimas décadas, os sensores imageadores alcançaram um alto patamar na
evolução de suas resoluções, sendo cada vez mais precisos e com maior temporalidade de
aquisição de dados. Tal fato foi devido ao crescimento de softwares, aliados aos hardwares
cada vez mais potentes, resultando na expansão de estudos sobre o tema, através de
aplicações do sensoriamento remoto nos processos da superfície terrestre que envolvem o
processamento digital de imagens (RIBEIRO; FONSECA; KUX, 2011).
Essas novas ferramentas representam um papel fundamental no monitoramento e
na estimativa dos mais variados fenômenos naturais, contribuindo como suporte para as
observações das mudanças ambientais e colaborando com a tomada de decisões voltadas ao
planejamento ambiental e apresentando ainda uma desoneração do processo de aquisição
(MOREIRA, 2010).
Diante do exposto a presente pesquisa tem como objetivo analisar a morfodinâmica
estuarina e variação de linha de costa da Foz do Rio São Francisco, tendo como etapas
principais:
1. analisar as vazões durante o período de estudo;
2. analisar a morfodinâmica da região, verificando áreas de ampliação e redução da
linha de costa;
3. estimar a variação interanual da largura do Delta do São Francisco.
17
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 Efeitos da alteração no sistema de cursos de águas naturais
Segundo Cavalcante (2011) existe uma grande consumo (energia, água, alimentos,
dentre outros), gerado pelo processo de desenvolvimento social, econômico e cultural
de uma nação, culminando por produzir pressões e modificações nos sistemas naturais,
principalmente nos recursos hídricos, estuários e zonas costeiras, tendo em vista que, são
regiões extremamente sensíveis às intervenções antrópicas.
Esta crise ambiental pode ser considerada partindo de três aspectos básicos: crescimento populacional, demanda de energia e de matérias e geração de resíduos. Para Braga
(2005) o desenvolvimento da sociedade, leva ao desenvolvimento tecnológico que, por sua
vez, resulta no aumento de resíduos, tanto como matéria, quanto como energia.
Partindo desta premissa, o Brasil desde a década de 70, vem baseando seu modelo
de geração de energia, com a construção de grandes barragens, o que resulta em grandes
impactos ambientais e sociais, devastando grandes áreas e expulsando um grande número
da população.
Nos últimos anos, diversos impactos vem sendo relatados na Região do São Francisco,
principalmente na região do Baixo São Francisco, entre os Estados de Alagoas e Sergipe,
podendo-se destacar à alteração no regime fluvial, à regularização das vazões do rio e às
modificações no comportamento hidráulico e sedimentológico (CAVALCANTE, 2011).
A averiguação destes impactos, tem se evidenciado no uso não sustentável dos
ecossistemas hídricos e costeiros, conflitando de forma direta com atividades e intervenções
antrópicas.
2.1.1
Efeitos hidrológicos, geomorfológicos e sedimentológicos gerais da construção e operação de barragens
Em condições normais o rio controla a dinâmica de funcionamento do canal,
exercendo importantes controles físicos, químicos e biológicos do corpo hídrico. Quando o
rio é retido, o regime hidrológico a jusante pode sofrer alterações em parte pela construção
do barramento, que regulariza a descarga, em parte também pelas modificações das
características dos efluentes originadas das barragens (FONTES, 2002).
A construção de barramentos ao longo de cursos de água acaba com a sequência
natural dos rios em pelo menos três setores distintos: primeiro a montante do barramento;
segundo no próprio reservatório e em terceiro a jusante do mesmo. Tomando como base a
Capítulo 2. Revisão Bibliográfica
18
área de estudo desta pesquisa (Delta do Rio São Francisco) serão apresentados os impactos
que ocorrem a jusante dos barramentos (Tabela 1)
Tabela 1 – Alterações a jusante do barramento
Setor da Bacia
Principais Impactos Hidrológicos
- Controle da regularização das
descargas;
- Redução da carga sólida
(sedimentos);
A jusante do barramento - Alteração na estrutura térmica;
- Redução do nível piezométrico;
- Alteração nas taxas de infiltração;
- Menor disponibilidade de água
subterrânea.
Principais Impactos Geomorfológicos
- Entalhe no leito do rio, com consequente descida do
nível de base local;
- Descida do nível de base dos afluentes com
retomada erosiva (entalhe) dos seus leitos;
- Processos de erosão nas margens;
- Alteração nos sedimentos de fundo e das margens;
- Reajustamento na morfologia do canal pela
migração dos setores de erosão e sedimentação;
- Processos de deposição nas margens e fundo do leito;
- Modificações na dinâmica da foz.
Fonte: Guerra (2009).
2.1.1.1
Vazão
Segundo Destefani (2005) o escoamento da água é proporcionada de forma mais
visível nos Rios, integrante o ciclo hidrológico e recarrega as águas superficiais e subterrâneas.
A vazão é uma das principais variáveis que caracteriza um rio, constituindo-se da quantidade
de água que passa por uma sessão num determinado período de tempo (ANA, 2012).
As vazões são variáveis no tempo e no espaço, esta variabilidade é representada
pela subida e descida das águas, correspondendo ao regime fluvial, também denominado
de regime de cursos d’água ou hidrológico (DESTEFANI, 2005).
2.1.1.2
Erosão Fluvial
Em uma bacia hidrográfica, as características tipológicas de leito, dos canais, de
padrões de drenagens, analisadas em conjunto, promovem uma dinâmica peculiar das águas
correntes que, associada a uma geometria e hidráulica, culmina em processos específicos
fluviais de erosão, transporte e deposição de materiais (TEIXEIRA; CUNHA, 2008).
Para Silva (2003), a capacidade de erosão das margens de um rio, bem como o
transporte e deposição de sedimentos, dependem, entre outros fatores, da vazão e da
natureza das correntes fluviais, refletindo em uma condição estável (equilibrada) do canal
fluvial. Ou seja, os processos de erosão, transporte e deposição de um sistema fluvial
variam no decorrer do tempo, sendo interdependentes, analisando-se de forma macro uma
bacia hidrográfica, não se pode considerar os processos (erosão transporte e deposição)
separadamente, além de fatores naturais que interferem na dinâmica e funcionamento
desse sistema, os antrópicos, também influenciam de forma direta.
Capítulo 2. Revisão Bibliográfica
2.1.1.3
19
Transporte de material
Segundo Coelho (2008) em um Rio cujas características naturais são preservadas,
existe uma dinâmica hidrológica própria que resulta em uma morfologia peculiar. Assim sendo, qualquer alteração na naturalidade do processo, como a construção de um
barramento, gera mudanças significativas no seu regime hidrológico, principalmente, a
jusante.
De acordo com Medeiros, Segundo e Magalhaes (2015) o aumento da vazão intensifica a velocidade do escoamento fluvial, a capacidade de transporte do rio e a lavagem
das margens, o que incrementa o material particulado e dissolvido transportado. Com a
construção de um barramento a regularização da vazão reduz a capacidade de transporte,
o que amplia os efeitos hidrológicos, geomorfológicos e sedimentológicos no sistema fluvial.
2.2 Histórico do sistema hidrelétrico brasileiro e os impactos advindos dos barramentos
As hidrelétricas no Brasil correspondem a 90% da energia elétrica produzida no
país. A instalação de barragens para a construção de usinas iniciou-se no Brasil a partir
do final do século XIX, mas foi após a Segunda Grande Guerra Mundial (1939-1945) que
a adoção de hidrelétricas passou a ser relevante na produção de energia brasileira (PENA,
2019).
Segundo Cavalcante (2011) até o final dos anos 40, à principal responsável pela
produção, transmissão e distribuição de energia elétrica no Brasil foi a iniciativa privada. A
partir dos anos 50, ocorreu um notório avanço no processo de urbanização e de industrialização, ocasionando um crescimento da demanda por energia elétrica e, consequentemente,
a necessidade de investimentos no setor elétrico.
Ainda segundo Cavalcante (2011) o sistema elétrico do País apresenta quatro grandes
sistemas interligados por linhas de transmissão, integrados pelas empresas concessionárias
das Regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste e por concessionárias da Região Nordeste e
parte da região Norte. Esteves et al. (2011) afirma que 154 represas de grandes porte
existentes no país ocupam área superior a 18.979 km2, sendo uma das maiores, a represa
de Sobradinho, localizada no Rio São Francisco, BA, ocupa uma área de 5.190 km2.
O Rio São Francisco possui grande importância, seja do ponto de vista social,
econômico e cultural para o Brasil, onde abastece boa parte da região Nordeste, além de
gerar energia por meio de hidrelétricas. Segundo CHESF (2019) no Rio São Francisco
existem oito hidrelétricas instaladas e operando, que juntas são responsáveis por quase
10.000 MW de potência (Tabela 2).
Capítulo 2. Revisão Bibliográfica
20
Tabela 2 – Usinas Hidrelétricas instaladas no Rio São Francisco
Usina
Potência Total Instalada (MW)
Luiz Gonzaga
1.479,6
Apolônio Sales
400,0
Paulo Afonso I
180,001
Paulo Afonso II
443,0
Paulo Afonso III
794,2
Paulo Afonso IV
2.462,4
Xingó
3.162,0
Fonte: adaptado de CHESF (2019).
2.3 Rio São Francisco
2.3.1
Características Gerais
Segundo Welcomme (1985) a bacia de drenagem do rio São Francisco cobre 7,6%
do território brasileiro, ocupa em uma classificação mundial a posição 34a de rio de maior
vazão (2.800 m3.s−1) e 31a em maior extensão (2.900 km). Do total de sua bacia 36,8%
encontra-se no Estado de Minas Gerais. Ao longo das suas margens existem diversas
cidades e vilarejos, além de possuir importante função em área de irrigação como as
localizadas nas cidades de Petrolina/PE e Juazeiro/BA.
Segundo Paiva (1982) seus afluentes localizados entre as cidades de Barra/BA e
Penedo/AL, a margem esquerda do rio e a margem direita, respectivamente, entre Bahia e
Própria/SE, são temporários, tendo a maior contribuição através dos afluentes de maior
porte: Paraopeba, das Velhas, Paracatu, Urucuia, Corrente e Grande.
A bacia é dividida em quatro segmentos: Alto São Francisco, Médio São Francisco,
Submédio São Francisco e Baixo São Francisco, tal divisão segundo Godinho e Godinho
(2003) é compreendida da seguinte forma: o alto compreende da nascente até Pirapora,
percorrendo uma extensão de 630 km; o médio, com extensão de 1.090 km, estende-se de
Pirapora até Remanso; o submédio de Remanso até a cachoeira do Paulo Afonso, com 686
km, e por último, o trecho de 274 km de Paulo Afonso até o delta, denominado baixo.
Devido ao alto adensamento populacional e o crescimento da agricultura localizado
as margens dos rios e afluentes, o São Francisco vem sofrendo uma forte pressão antrópica,
desde o despejo de esgotos domésticos a resíduos industriais. Segundo Alves, Pompeu e
Horizonte (2010) os efeitos da poluição se fazem sentir ao longo de todo o rio, aparecendo
com a baixa qualidade e diversos episódios de mortandade de peixes.
Capítulo 2. Revisão Bibliográfica
21
2.4 Meio Ambiente e Política Pública
De acordo com a Constituição Federal de 1988 meio ambiente é um bem de uso
comum do povo e direito de todos, ou seja, meio ambiente é elemento fundamental na
interação entre os atores sociais BRASIL (1988). Não obstante a muitos reconhecerem
a importância dos recursos naturais, não há consenso de como geri-los, pois poucos tem
disposição para arcar com os custos e as possíveis restrições de uso. Diante do exposto
Leme (2010) afirma que, tratar de questões ambientais é lidar com conflitos e com política.
Até o início da década de 80, as barragens no Brasil podiam ser construídas sem
qualquer avaliação ambiental de seus impactos, mas, em meados da década de 80, os barramentos tiveram que se submeter a procedimentos de análise de seus efeitos socioambientais.
Surgindo assim a Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA), fundamentada pela Lei
no 6.938 de 31 de agosto 1981.
2.5 Legislação aplicada aos recursos hídricos
2.5.1
O Código de Águas de 1934 – Decreto No 24.643/34
Segundo Buss, Baptista e Nessimian (2003) o Código de Águas, instituído pelo
Decreto no 24.643 de 10 de julho de 1934 (BRASIL, 1934) foi o primeiro dispositivo legal
voltado exclusivamente para os recursos hídricos. Apesar ser der ser considerado bem
completo o Código das Águas, devido ao período de sua criação tendenciava a privilegiar
o setor de energia e navegação (CEDRAZ et al., 2000).
O decreto determina em seu capítulo único, Art. 109: “A ninguém é lícito conspurcar
ou contaminar as águas que não consome, com prejuízo de terceiros.” (BRASIL, 1934),
prevendo que os infratores paguem pelos trabalhos de salubridade das águas, além de
responder um processo criminal.
Para Avanzi, Borges e Carvalho (2009) o referido código representou o marco na
legislação brasileira e, se hoje é considerado obsoleto em alguns aspectos, estava adequado
aos interesses e necessidades da época de sua criação.
2.5.2
Política Nacional de Recursos Hídricos (PNRH) – Lei No 9.433/97
Em 1997 entrou em vigor a Lei no 9.433 de 08 de janeiro de 1997 (BRASIL, 1997),
conhecida como a Lei das Águas, que instituiu a Política Nacional de Recursos Hídricos e
criou o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (Singreh).
Segundo Avanzi, Borges e Carvalho (2009) a PNRH é a materialização do interesse
da população brasileira no cumprimento de uma lei que assegure a sustentabilidade
Capítulo 2. Revisão Bibliográfica
22
dos recursos hídricos. Esta lei organiza o planejamento e a gestão dos recursos hídricos,
introduzindo vários instrumentos de política para o setor.
Segundo a Lei das Águas, a Política Nacional de Recursos Hídricos tem seis
fundamentos:
Art. 10 A Política Nacional de Recursos Hídricos baseia-se nos seguintes
fundamentos:
I - a água é um bem de domínio público;
II - a água é um recurso natural limitado, dotado de valor econômico;
III - em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos é o
consumo humano e a dessedentação de animais;
IV - a gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso
múltiplo das águas;
V - a bacia hidrográfica é a unidade territorial para implementação da
Política Nacional de Recursos Hídricos e atuação do Sistema Nacional
de Gerenciamento de Recursos Hídricos;
VI - a gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e contar
com a participação do Poder Público, dos usuários e das comunidades.
(BRASIL, 1997)
Tais fundamentos abordam questões de extrema importância, no primeiro fundamento ao utilizar a expressão “a água é um bem de domínio público”, não se tem
direcionamento para que tipo de manancial, logo, seja água de superfície, fluente, emergente, subterrânea todas se tornam de domínio público.
Ao se afirmar que “a água é um recurso natural limitado, dotado de valor econômico”,
tem-se o reconhecimento da colaboração de tal bem no desenvolvimento econômico-social,
e por vincular a instituição de cobrança, induz a seu uso racional.
2.5.3
Agência Nacional de Águas (ANA) – Lei No 9.984/00
Criada pela Lei No 9.984 de 17 de julho de 2000 (BRASIL, 2000), a Agência
Nacional de Águas (ANA) é a agência reguladora dedicada a fazer cumprir os objetivos e
diretrizes da Lei das Águas do Brasil, a lei Noo 9.433 de 1997.
Segundo ANA (2019b) a agência funciona baseada em quatro pilares de atuação:
Regulação: Regula o acesso e o uso dos recursos hídricos de domínio
da União, que são os que fazem fronteiras com outros países ou passam
por mais de um estado, como, por exemplo, o rio São Francisco.
Monitoramento: É responsável por acompanhar a situação dos recursos
hídricos do Brasil.
Aplicação da Lei: Coordena a implementação da Política Nacional de
Recursos Hídricos, realizando e dando apoio a programas e projetos,
órgãos gestores estaduais e à instalação de comitês e agências de bacias.
Capítulo 2. Revisão Bibliográfica
23
Planejamento: Elabora ou participa de estudos estratégicos, como os
Planos de Bacias Hidrográficas, Relatórios de Conjuntura dos Recursos
Hídricos, entres outros, em parceria com instituições e órgãos do poder
público. (ANA, 2019b)
2.6 Sensoriamento Remoto
2.6.1
Perspectiva histórica
O sensoriamento remoto tem o registro de suas origens ligados a criação da câmara
fotográfica (1826), visto que tal instrumento foi o primeiro a ser utilizado para capturar
informações sem ter contato direto com o alvo. Enquanto ciência o termo sensoriamento
remoto tem sua primeira aparição na literatura científica datada de 1960 (NOVO, 2010).
Segundo Figueiredo (2010), assim como em outras tecnologias, o precursor da
detecção remota foram às atividades militares, que através do melhoramento das estratégias
de combate, pensaram em uma forma de estudar o território inimigo sem que para isso
precisasse enviar tropas ao local. Ainda segundo o autor para atender esta demanda foi
desenvolvida uma câmera leve e pequena, que tinha como função ser fixada em pomboscorreio (Figura 1), que ao serem levados a pontos estratégicos eram soltos e sobrevoavam
assim o território inimigo.
Figura 1 – (a) Soldado carregando os pombos para o campo de batalha, (b) Pombo-correio
com máquina acoplada ao peito.
a
b
Fonte: Cabral (2015)
Com a evolução tecnológica o sensoriamento remoto foi progressivamente avançando, substituindo seus meios transportadores (balões, aviões, satélites, dentre outros) e
substituindo os meios de captação através da evolução contínua de seus sensores.
Diante deste cenário, Novo (2010) apresenta que o sensoriamento remoto vem
apresentando notório e ascendente progressão, tanto em qualidade, com o crescimento das
Capítulo 2. Revisão Bibliográfica
24
informações captadas, quanto em quantidade, através dos diversos satélites que vem sendo
lançados.
No momento atual existem diversos satélites que orbitam a Terra, sejam independentes ou em constelações e que encontram-se em operação, rastreando e captando as
dinâmicas atmosféricas, oceânicas e terrestres, os sensores a bordo destes satélites podem
ser divididos quanto considerados sua capacidade de captura em baixa, média e alta
resolução espacial, como exemplos, pode-se citar os satélites da constelação RapidEye e
PlanetScope, como média resolução; WorldView e Pleiádes de alta resolução e o LANDSAT,
baixa resolução, parte das características de alguns destes satélites podem ser vistas na
Tabela 3.
Tabela 3 – Características de satélites atuais.
Nome do satélite
LANDSAT 8
PlanetScope
WorldView 2
Pléiades
Bandas espectrais
Coastal aerosol
Blue
Green
Red
Near Infrared
SWIR 1
SWIR 2
Panchromatic
Cirrus
Thermal Infrared (TIRS) 1
Thermal Infrared (TIRS) 2
Azul
Verde
Vermelho
Infravermelho próximo
Vermelho
Verde
Azul
Infravermelho
Azul costeiro
Amarela
Vermelho limítrofe
Infravermelho-2
Pancromática
Pancromático
Azul
Verde
Vermelho
Infravermelho próximo
Resolução espacial
30 m
30 m
30 m
30 m
30 m
30 m
30 m
15 m
30 m
100 m
100 m
Resolução temporal
3m
Diária
2m
16 dias
1,1 dias 30o off nadir / 3,7 dias 20o off nadir
0,5 m
0,5 m
2m
Diária
Fonte: adaptado de USGS (2015a), Antunes, Debiasi e Siqueira (2014), GlobalGeo (2015), EngeSat (2015)
2.6.2
Definição de sensoriamento remoto
Seguindo a definição clássica de Avery e Berlin (1992) sensoriamento remoto pode
ser compreendido como a ciência e a técnica de obtenção de informações sobre alvos,
utilizando-se de instrumentos que não têm contato físico com tais objetos. Para Novo
(2010), sensoriamento remoto pode ser entendido como a utilização de sensores para a
Capítulo 2. Revisão Bibliográfica
25
aquisição de informações sobre objetos ou fenômenos sem que haja contato direto entre
eles.
Ambas as definições apesar de clássicas desprezam um ponto muito importante
para que a obtenção possa acontecer, a radiação eletromagnética (REM), esta energia
faz parte da base de existência do sensoriamento remoto, tal energia parte de uma fonte
(natural ou artificial), sofre diversas interações com o alvo e é captada e interpretada pelos
sensores (Figura 2).
Figura 2 – Esquema representando os quatro elementos principais da aquisição de sensoriamento remoto.
Fonte: adaptado de Meneses et al. (2012)
A radiação eletromagnética é o ponto central que permite a comunicação entre o
objeto/sensor, funcionando como um meio integrador para a aquisição das informações e
tendo sua presença obrigatória para a efetivação do processo de detecção remota.
Com uma definição mais recente Meneses et al. (2012) apresenta o sensoriamento
remoto como a ciência que busca o desenvolvimento da obtenção de imagens da superfície terrestre por meio da captação e medição quantitativa das interações da radiação
eletromagnética com os alvos estudados.
2.7 Radiação Eletromagnética
O entendimento da Radiação Eletromagnética (REM) origina-se em dois modelos
de comportamento, onde, a REM pode ser entendida como uma propagação em forma de
onda (modelo ondulatório) ou uma propagação em forma de energia (modelo corpuscular).
É importante ressaltar que a REM independe de meio material para se propagar, ou seja,
elas conseguem se propagar no vácuo.
Capítulo 2. Revisão Bibliográfica
2.7.1
26
Modelo Ondulatório
Segundo Maxwell (1881) o modelo ondulatório parte do princípio de que a uma
partícula eletricamente carregada, gera um campo elétrico, que por sua vez, em virtude da
agitação da partícula cria um campo magnético, campos estes que vibram ortogonalmente
entre si. A partir da aceleração desta partícula, a pertubação causada entre os campos
se propaga em direção ortogonal à direção de ambos os campos; denominando-se a esta
pertubação, onda eletromagnética (Figura 3)
Figura 3 – Propagação da radiação eletromagnética, em função dos campos elétrico (E) e
magnético (M).
Fonte: adaptado de Meneses et al. (2012)
2.7.2
Modelo Corpuscular
Segundo o modelo corpuscular a REM é uma forma dinâmica de energia, se
manifestando tão somente quando existi a interação com a matéria. Segundo Meneses
et al. (2012) na medida que a REM atinge uma superfície, ela interagi e troca a energia
existente com a energia contida nos átomos presentes na matéria que sofre interação. No
momento desta troca o objeto estudado absorve um pouco de radiação eletromagnética,
provocando assim uma agitação dos átomos, realizando a migração de elétrons e assim a
propagação de energia (Figura 4)
Capítulo 2. Revisão Bibliográfica
27
Figura 4 – Representação da eliminação de um fóton, provocada pela mudança de órbita
de um elétron.
Fonte: Cavalcante (2015)
2.8 Sistemas Orbitais e Sensores
Em torno da Terra orbitam atualmente diversas constelações de satélites, os quais
continuamente interagem com alvos em sua superfície capturando e enviando informações.
Toda esta interação só é possível graças a modernos sensores, que são capazes de captar
a REM e transformar em um sinal, tal transformação ocorre através da conversão da
REM captada em um valor proporcional de intensidade de energia, emitido por um pulso
eletrônico, nomeado número digital (ND).
Os sistemas sensores podem ser divididos segundo a fonte de radiação eletromagnética que se utilizam, ou seja, passivo quando a REM é obtida através do Sol (Figura 5a) e
ativo quando a REM é por produção própria (Figura 5b).
Figura 5 – (a) Representação de um sensor passivo, (b) Representação de um sensor ativo.
(a)
(b)
Fonte: Cavalcante (2015)
Capítulo 2. Revisão Bibliográfica
2.8.1
28
Resolução espacial
Florenzano (2002) defini resolução espacial como a capacidade que o sensor possui
em diferenciar um pixel, ou seja, a menor unidade de área imageada na superfície terrestre.
Vale ressaltar que a resolução espacial é a responsável pela escala de mapeamento do
estudo, pois, é ela que determina o menor objeto que pode ser identificado na analise
de imagens. Sendo o pixel a representação unitária e indivisível de uma área imageada,
qualquer alvo que possua tamanho inferior ao mesmo, é impossível de ser identificado,
sendo sua representação a interação de todos os feixes de luz que interagiram com esta
unidade de área (Figura 6).
Figura 6 – Representação de objetos dentro de um pixel, quando mais de um objeto esta
presente, o valor captado é a soma de todas as interações e não do objeto
individual.
Fonte: Cavalcante (2015)
A resolução espacial é inversamente proporcional ao campo de visada do sensor, ou
seja, quando maior a faixa imageada menor será a resolução espacial (Tabela 4).
Tabela 4 – Resolução espacial de sensores orbitais e sua relação com a faixa de imageamento.
Satélite Sensor Largura da faixa imageada Resolução espacial
Landsat 8
OLI
185 km
30,0 m
RapidEye
REIS
77,25 km
6,5 m
CBERS-4
PAN
60 km
5,0 m
Quick Birk
PAN
16,8 km
0,60 m
Fonte: USGS (2015b), Antunes, Debiasi e Siqueira (2014)
2.8.2
Resolução espectral
Cada alvo reflete a energia de maneira distinta, ou seja, possuem diferentes comportamentos espectrais. Este comportamento pode ser estudado analisando-se a assinatura
espectral de cada alvo individualmente (Figura 7).
Capítulo 2. Revisão Bibliográfica
29
Figura 7 – Assinatura espectral de alguns alvos encontrados na Terra.
Fonte: INPE (2015)
Segundo Figueiredo (2010) a resolução espectral tem relação com as faixas espectrais
que o sensor consegue captar, quanto maior o número de bandas maior a resolução.
2.8.3
Resolução radiométrica
A resolução radiométrica faz referência à capacidade do sensor em distinguir as
variações da radiância espectral recebida pelo mesmo (SCHOWENGERDT, 1983). A este
valor numérico, denomina-se de nível de cinza, que é expresso pela quantidade de bits de
uma imagem. Para se conhecer quantos níveis de cinza uma imagem possui, basta elevar 2
ao número de bits da imagem (28 = 256) (Figura 8) (MELO, 2002).
Capítulo 2. Revisão Bibliográfica
30
Figura 8 – Representação das diferentes radiações radiométricas.
Fonte: Melo (2002)
2.8.4
Resolução temporal
Refere-se ao tempo de revisita/passagem de um sensor sobre uma mesma área,
sendo de fundamental importância para acompanhar e/ou detectar as evoluções e/ou
modificações que ocorrem na superfície terrestre.
2.9 Satélites da Constelação RapidEye
A constelação RapidEye é um sistema Alemão de observação da Terra composto
por um conjunto de 5 satélites análogos e que foram colocados em órbita no dia 29 de
agosto de 2008 (PLANET, 2019). Cada um dos satélites recebeu um nome grego, os dois
primeiros fazem alusão ao nome da missão, os demais remetem as atividades desenvolvidas
pelos mesmos (AMSKEPLER, 2019) (Tabela 5).
Tabela 5 – Nomes dos satélites que compõe a constelação RapidEye
Satélite
Nome
RapidEye-1 Tachys (Rápido)
RapidEye-2
Mati (Olho)
RapidEye-3 Choma (Terra)
RapidEye-4 Choros (Espaço)
RapidEye-5 Trochia (Órbita)
Fonte: AMSKEPLER (2019).
Capítulo 2. Revisão Bibliográfica
31
A grande vantagem que o RapidEye possui em relação aos seus concorrentes de
mercado é se tratar de uma constelação de satélites e não somente de um equipamento.
Segundo Planet (2019) a operação dos satélites foi baseada em três pilares (leveza, agilidade
e robustez), sendo este último ponto comprovado pelo peso de apenas 150 kg que cada
satélite possui.
Todos os satélites da constelação possuem como carga útil um sensor multiespectral
linear pushbroom (varredura eletrônica), denominado de REIS (RapidEye Earth Imaging
System), que é composto por uma câmera atuante em 5 faixas do espectro eletromagnético
(Tabela 6), com uma altitude média orbital de 634 km, capacidade de visada lateral e
frequência de revisita diária (off-nadir ) (lateral).
Tabela 6 – Características da constelação RapidEye
Sensor
REIS
Bandas Espectrais
Azul
Verde
Vermelho
Red-Edge
Infravermelho próximo
Resolução Temporal (nadir) (vertical)
5,5 dias
Resolução Espectral (nm)
440 - 510
520 - 590
630 - 685
690 - 730
760 - 850
Área Imageada
77 km
Resolução Espacial (m)
6,5 m (nível 1B) e 5 m (nível 3A)
Resolução Radiométrica
12 bits
Fonte: Planet (2019).
Observasse nas características supracitadas que o RapidEye possui uma elevada
capacidade de revisita (5,5 dias), o que pode gerar um volume de imageamento de até 6,5
milhões de km2 de imagens por dia. Toda esta eficácia pode ser explicada pela disposição
dos satélites ao redor da Terra (Figura 9), ocupando uma órbita de forma sincronizada e
heliossíncrona igualmente espaçada.
Figura 9 – Representação da órbita e da disposição da constelação RapidEye.
Fonte: elaborado pela autora
Capítulo 2. Revisão Bibliográfica
32
2.10 QGIS
O QGIS (Figura 10) é um Sistema de Informação Geográfica (SIG), livre e de
código aberto licenciado segundo a Licença Pública Geral GNU. É um projeto oficial da
Open Source Geospatial Foundation (OSGeo), e possui instaladores para os sistemas
operacionais: Linux, Unix, Mac OSX, Windows e Android, suportando inúmeros formatos
de dados vetoriais, matriciais e bases de dados (QGIS, 2019).
Figura 10 – Interface inicial do QGIS 3.4.7, codinome Madeira
Fonte: elaborado pela autora
2.10.1
Características técnicas do QGIS
Como característica principal, o QGIS, oferece diversos recursos e ainda a capacidade
de acrescentar funcionalidades através da instalação de plugins. Abaixo são apresentados
um resumo de algumas características técnicas do QGIS e uma breve descrição da mesma.
• Visualização de dados: Pode-se ou sobrepor dados vetoriais e matriciais em Diferentes
formatos e projeções sem conversão para um formato interno ou comum;
• Exploração de dados e compositores de mapas: Pode-se compor mapas e interativamente explorar dados espaciais com uma interface gráfica amigável;
• Criar, editar, gerir e exportar dados: Pode-se criar, editar, gerenciar e exportar
camadas vetoriais e matricial em vários formatos;
• Analisar dados: Pode-se executar a análise de dados espaciais em bancos de dados
espaciais e outros formatos compatíveis com OGR;
Capítulo 2. Revisão Bibliográfica
33
• Publicação de mapas na internet: O QGIS pode ser usado como um cliente WMS,
WMTS, WMS-C ou WFS e WFS-T e como um servidor WMS, WCS ou WFS.
34
3 ÁREA DE ESTUDO
3.1 Delta do Rio São Francisco
A área de estudo é definida pelo Delta do Rio São Francisco (Figura 11), localizado
na divisa entre os Estados de Alagoas e Sergipe, compreendido pelo retângulo envolvente
de coordenadas 780227,45 m E, 8836112,73 m N e 787696,19 m E e 8841391,41 m N,
referenciadas o datum Sistema de Referência Geocêntrico para as Américas (SIRGAS2000)
e a projeção Universal Transversa de Mercator, fuso 24 S.
Figura 11 – Área de estudo (Delta do Rio São Francisco).
Fonte: elaborado pela autora
3.2 Sistema hidráulico do Rio São Francisco
A Região Hidrográfica do São Francisco abrange 521 municípios em seis estados:
Bahia, Minas Gerais, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Goiás, além do Distrito Federal.
A agricultura é uma das mais importantes atividades econômicas, mas a regularização
Capítulo 3. Área de Estudo
35
das vazões do rio São Francisco proporcionada pelos grandes reservatórios também tem
proporcionado maior segurança operacional de diversas captações para abastecimento de
água (ANA, 2019c).
Segundo ANA (2019c) a Região do São Francisco tem importante papel na geração
de energia elétrica, com potencial instalado, em 2013, de 10.708 MW (12% do total do
País). Destacam-se as usinas de Xingó (3.162 MW), Paulo Afonso IV (2.462 MW), Luiz
Gonzaga (1.479 MW) e Sobradinho (1.050 MW) (Figura 12). O aproveitamento hidrelétrico
do Rio São Francisco representa a base de suprimento de energia do Nordeste.
Figura 12 – Sistema Hidráulico do Rio São Francisco
Fonte: ANA (2019c)
36
4 MATERIAIS E MÉTODOS
4.1 Aquisição das imagens do satélite RapidEye
As imagens utilizadas nesta pesquisa são referentes aos dias 21/03/2009, 27/10/2010,
15/03/2011, 20/01/2012, 06/10/2013, 24/06/2014, 10/04/2015, 07/10/2016, 15/05/2017
e 09/03/2018, obtidas pelo sensor REIS (RapidEye Earth Imaging System) do satélite
RapidEye, compreendendo dez anos de analise. As referidas datas foram escolhidas, visando
sempre encontrar cenas que possuíssem 0% de nebulosidade sobre a área de estudo, apesar
de não representar o período de doze meses entre as datas, para analisar a variação da
morfodinâmica estuarina as imagens mostraram com boa representatividade, tendo em
vista que não se tem grandes variações de vazão no decorrer dos meses.
Foram adquiridas junto ao geo catálogo da empresa Planet Labs Inc. (PLANET,
2019) (Figura 13), são referentes ao Sistema de Referência Geocêntrico para as Américas
(SIRGAS2000) e a projeção Universal Transversa de Mercator (UTM), fuso 24 S. O satélite
RapidEye possui uma média resolução espacial (5 metros), o que para o estudo proposto
potencializa a extração das linhas de costa.
Figura 13 – Tela inicial do Geo Catálogo da Planet Labs Inc.
Fonte: Planet (2019)
As imagens do sensor REIS adquiridas referem-se ao produto nível 3A, tais imagens
já possuem correção geométrica e ortorretificação, foram escolhidas tendo em vista sua
média resolução espacial de 5 m, que permite uma delimitação de linha de costa bem
definida e também por possuir acesso para pesquisa de forma gratuita, o que desonera
Capítulo 4. Materiais e Métodos
37
o processo. Todas as etapas posteriores a aquisição foram processadas utilizando-se do
software livre e de código aberto QGIS, em sua versão 3.4.7, codinome Madeira, rodando
em um sistema operacional também livre o Debian versão 9.
4.2 Etapas para o cálculo do Índice de Diferença Normalizada da
Água (NDWI)
4.2.1
Conversão de Números Digitais (ND) para reflectância
Como etapa inicial ao processamento das imagens do RapidEye esta a conversão
dos números digitais (ND), para radiância espectral, ou seja, a energia proveniente do Sol
que é refletida por cada pixel em uma determinada unidade de área, tempo e ângulo. A
radiância espectral foi calculada conforme a Equação 4.1 (EDUARDO; SILVA, 2013):
RADi = DNi · radiometricScaleFactori
(4.1)
Sendo RAD correspondente ao valor da radiância, i é o número da banda espectral
e radiometricScaleF actor é um fator de escala, corresponde a 9.999999776482582 · 10−3,
para as imagens RapidEye, todas as informações podem ser encontrado no arquivo XML
que acompanha a imagem.
Posterior ao calculo da radiância, calcula-se a reflectância no topo da atmosfera
conforme Equação 4.2 (EDUARDO; SILVA, 2013):
REFi = RADi ·
π · SunDist2
EAI i · cos( SolarZenith)
(4.2)
REF é o valor da reflectância, i o número da banda espectral, SunDist é o valor
do inverso do quadrado da distância Terra-Sol, em unidades astronômicas; EAI é a
irradiância solar na exoatmosfera (Tabela 7) e SolarZenith é o ângulo solar zenital (90o
− elevaçãosolar).
Tabela 7 – Irradiância Solar da Exoatmosfera (EAI)
Bandas Irradiância Solar da Exoatmosfera (EAI)
Banda 1
1997,8
Banda 2
1863,5
Banda 3
1560,4
Banda 4
1395,0
Banda 5
1124,4
Fonte: BLACKBRIDGE (2015).
Capítulo 4. Materiais e Métodos
4.2.2
38
Estimativa do NDWI
Segundo McFeeters (1996) o NDWI é um índice espectral de água pela razão entre
a subtração da reflectância das bandas do verde (G) e do infravermelho próximo (NIR) e
a soma das mesmas bandas, Equação 4.3.
NDWI =
G − NIR
G + NIR
(4.3)
Em que G é a banda do verde, que compreende a banda 2 do RapidEye e NIR é a
banda do infravermelho próximo, que compreende a banda 5 do RapidEye. O índice mede
o espectro de água, possuindo valores entre -1,0 e 1,0; McFeeters (1996) definiu o limiar da
estimativa em 0,0; definindo os valores que NDWI for maior ou igual a 0 como cobertura
de água e não água para valores de NDWI menores ou iguais a 0.
4.3 Extração do contorno da linha de costa
No processo de extração das linhas de costa, foi realizado um processo denominado
fatiamento em classe, onde o valor de NDWI estimado foi convertido em classe de NDWI
a partir da transformação (NDWI ≤ 0 = "Não Água"e NDWI ≥ 0 = "Água"), com
esta operação obteve-se uma separação dos tipos de coberturas aquáticas e terrestres
(Figura 14).
Figura 14 – Separação dos tipos de coberturas (água e terra)
Fonte: elaborado pela autora
Capítulo 4. Materiais e Métodos
39
O procedimento visto na Figura 14 foi realizado para os dez anos em estudo, período
de 2009 a 2018. Com os resultados do fatiamento e objetivando simplificar as feições e
evidenciar melhor a linha de costa, foi realizado um extração de contorno onde o arquivo
raster fatiado foi convertido em linhas (Figura 15), onde foi realizado uma limpeza de
feições e em seguida o procedimento de conversão de linhas para polígonos (Figura 16),
finalizando assim o processo de extração das linhas de costa.
Figura 15 – Extração de contorno
Fonte: elaborado pela autora
4.4 Extração das áreas de ampliação e redução
As áreas de ampliação e redução foram extraídas a partir do método matemático
denominado diferença simétrica, que corresponde ao conjunto de todos os elementos que
pertencem à união dos polígonos envolvidos, porém, não pertencem a interseção dos
mesmos (Figura 17), todo o processo foi realizado através do software QGIS.
Com o intuito de melhorar a visualização da informação foram atribuídas as cores
vermelha e verde para as áreas de redução e ampliação, respectivamente.
Capítulo 4. Materiais e Métodos
40
Figura 16 – Conversão de linhas para polígonos
Fonte: elaborado pela autora
Capítulo 4. Materiais e Métodos
41
Figura 17 – Processo de diferença simétrica
Fonte: elaborado pela autora
42
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Este capítulo foi dividido em quatro seções visando melhor visualizar os objetivos
propostos nesta pesquisa, primeiramente foi realizada a analise da vazão durante o período
estudado , na segunda seção são apresentados os resultados das linhas de costas extraídas
através da estimativa do NDWI, posteriormente, foram realizadas as análises das áreas de
ampliação e redução de linha de costa e por fim analisou-se a variação da largura do Delta
do Rio São Francisco.
5.1 Análise da Vazão x Período de Estudo
Desde 2012 a bacia do Rio São Francisco vem enfrentando períodos de seca, que
reduziu a precipitação para valores muito abaixo da média histórica para a região e,
como consequência, à uma redução significativa das vazões afluentes aos reservatórios das
hidrelétricas no decorrer da bacia.
A constante necessidade de se preservar o estoque mínimo de água nos reservatórios
para o atendimento de múltiplas, em particular o abastecimento de de várias núcleos
urbanos, tem elevado o número de Resolução emitidas pela ANA, com ações autorizando
a redução das vazões mínimas liberadas pelos reservatórios.
A escolha pelo período de estudo de 2009 a 2018 visa separar as análises das linhas
de costa encontradas em dois períodos, sendo o primeiro de 2009 a 2012 abrangendo um
período onde a vazão liberada era superior a 1.500 m3/s e durante o processo de gestão
da seca, que compreende ao ano de início da redução 2013 até 2018, compreendendo seis
anos de análise sobre reduções contínuas da vazão.
Na Figura 18 são apresentadas as médias das vazões por meses do ano, pode-se
perceber que até o ano de 2012 a vazão apresentava valores superiores a 1.500 m3/s, nos
anos de 2013 e 2014 houve uma redução de 400 m3/s, passando a apresentar uma média de
1.100 m3/s. Até maio de 2015 a vazão praticada era de 1.000 m3/s, em junho do mesmo
ano foi autorizada pela ANA sua redução para 900 m3/s.
Em 06 de novembro de 2017 através da Resolução No 1.943 a Agência Nacional de
Águas autoriza a redução da descarga mínima defluente dos reservatórios de Sobradinho
e Xingó para uma média diária de 550 m3/s até 30 de abril de 2018. Este mesmo ato
de autorização com a mesma média de vazão, foi ratificada em 2018 e 2019 através das
Resoluções No 90 de 2018 e No 19 de 2019.
Capítulo 5. Resultados e Discussão
Figura 18 – Vazões para o período (2009 a 2018) - Estação Própria
Fonte: dados extraídos de (ANA, 2019a) e elaborado pela autora
43
Capítulo 5. Resultados e Discussão
44
Na Figura 19 é apresentado o gráfico contendo todos os anos de estudo agrupados,
assim como as datas das imagens analisadas. Considerando os dois períodos que foram
separados para comparação em função do regime da vazão, neste caso, acima de 1.500
m3/s (2009-2012) e abaixo (2013-2018), respectivamente. Observa-se uma redução inicial
de aproximadamente 500 m3/s entre o mês de janeiro de 2012 (∼ 2.550 m3/s) e 2013
(∼ 2.050 m3/s). Neste mesmo ano de 2013, entre os meses de janeiro a março ocorreu
uma redução drástica da vazão de ∼ 2.050 m3/s para ∼ 1.300 m3/s, respectivamente.
Comparando com o mesmo trimestre em 2012 (vazão média em torno de 2.550 m3/s), a
redução foi de aproximadamente 1.250 m3/s (vazão em março de 2013 era de ∼ 1.300
m3/s), ou seja, uma redução de praticamente 50% em apenas um ano.
Figura 19 – Vazão (2009 a 2018) e datas das imagens
Fonte: elaborado pela autora
Apesar do controle artificial das descargas ao longo do rio São Francisco, o regime
de chuvas desempenha um papel fundamental no padrão da vazão que atinge a porção
final do rio, conhecida como baixo São Francisco. Desta forma, a Figura 20 representa
a variabilidade da precipitação mensal ao longo dos anos. Comparando novamente os
períodos acima de 1.500 m3/s (2009-2012) e abaixo (2013-2018) observa-se que no período
que compreende os anos de 2009 e 2012 as precipitações ultrapassaram os 200 mm, tendo
em maio de 2009 um valor acima do padrão (400 mm). Entre os anos de 2013 e 2016
as precipitações tiveram valores entre 100 e 200 mm, sendo os meses de maio a agosto
a registrarem maior volume. O ano de 2017 apresenta valores acima de 300 mm para o
mês de maio e entre 100 e 200 mm entre junho e agosto, sendo um ano com chuvas acima
da média para várias regiões do país. Em 2018 houve uma redução drástica do volume
precipitado, obtendo valores abaixo de 100 mm, durante todos os meses do ano.
Capítulo 5. Resultados e Discussão
45
Figura 20 – Precipitação mensal por ano estudado
Fonte: elaborado pela autora
Capítulo 5. Resultados e Discussão
46
5.2 Morfodinâmica do Delta do Rio São Francisco
Nesta etapa foram avaliadas as respostas encontradas para as linhas de costa
extraídas através do NDWI, estimadas através de imagens da constelação RapidEye. A
análise ocorreu por meio da criação de mapas temáticos representando as feições
encontradas para os 10 anos em estudo, visando verificar as alterações ocorridas. Assim
com foram analisadas as reduções e ampliações encontradas no período estudado.
5.2.1
Análise da série temporal (2009 a 2018) da linha de costa
Na Figura 21 é apresentada a séria temporal da linha de costa. Durante este período
de alta vazão (2009-2012) com descarga superior à 1.500 m3/s é observado uma variação
mínima no avanço ou retração da linha de costa. Considerando esta vazão elevada durante
todo o ano, o transporte de dos sedimentos do leito do rio em direção ao delta é facilitado,
repondo o material removido da foz pela deriva litorânea. Como resultado, o balanço entre
o material removido e reposto é positivo, pois a vazão permite exportar mais do que é
retirado.
Para os anos de 2013 a 2015 temos um período de transição, onde no decorrer dos
anos a vazão do Rio São Francisco vai sofrendo reduções continuas, o que diminui de forma
drástica a carga sólida de arrasto, como pode ser observado na Figura 21. A quantidade
de material particulado perdido para deriva costeira se torna visível, alterando de forma
significativa a composição da linha de costa, como observando nos mapas de 2013, 2014 e
2015 (Figura 21).
Nos anos de redução abrupta da vazão (2016-2018) a morfologia do Delta do São
Francisco é alterada completamente, tanto do lado alagoano, como do sergipano, resultando
em remoção e perda de uma grande porção de terra. Como a vazão para este período
encontra-se um pouco acima de 500 m3/s o Rio não possui mais sedimentos suficientes
para compensar as perdas para a deriva costeira, e desta forma, a retirada de material
supera a carga sólida que alcança o Delta ocasionando a modificação costeira.
Capítulo 5. Resultados e Discussão
47
Figura 21 – Linhas de Costa 2009-2018
Fonte: elaborado pela autora
Capítulo 5. Resultados e Discussão
5.2.2
48
Análise temporal (2009 a 2018) da morfologia costeira
Analisando a estrutura das linhas de costa durante o período estudado nesta
pesquisa, observou-se que houve um equilíbrio na redução e ampliação de sedimentos no
Delta do Rio São Francisco entre os anos de 2009 e 2012, período caracterizado pela vazão
elevada (acima de 1.500 m3/s) e uma perda continua entre os anos de 2015 a 2018 período
de vazão baixa.
Na morfodinâmica do Delta no período de 2009 a 2012 existe um balanceamento
entre a perda e a recomposição de sedimentos. A relação entre as áreas ampliadas (verde)
e reduzidas (vermelho) são bastante similares, onde a perda estimada em um ano é
recuperada no ano seguinte. Analisando a Tabela 8 constatasse que o Delta no ano de 2009
para 2010 sofreu uma redução de 21,54 ha e uma ampliação de 113,22 ha em contrapartida
de 2010 para 2011 obteve uma redução de 102,04 ha e ampliação de 23,05 ha e esta
complementação persiste até 2014, a análise qualitativa deste fenômeno pode ser observada
através da Figura 22.
Figura 22 – Mapa Diferença (2009-2010), (2010-2011) e (2011-2012)
Fonte: elaborado pela autora
Capítulo 5. Resultados e Discussão
49
Analisando os mapas da Figura 23 é apresentado o período de transição entre as
altas e baixas vazões observa-se um intenso processo de transformação do Delta do São
Francisco. A partir da redução da vazão, ocorreu redução no potencial de transporte de
sedimentos e assim, redução da carga sólida em direção à foz do rio, refletindo na falta de
reposição dos sedimentos que foram transportados pela deriva litorânea. Tal redução na
reposição dos sedimentos podem ser observados nos mapas de contorno da linha costa,
onde um alteração drástica é observado.
Entre o período de 2013 e 2014 houve quase que uma igualidade entre as áreas de
ampliação e redução, sendo ampliado 118,13 ha e reduzido 18,59 ha para a diferença entre
2012-2013 e 14,25 ha de ampliação e 117,01 ha de redução para a diferença entre 2013-2014.
Em contrapartida para a diferença entre 2014-2015 começa a existir mais redução que
ampliação, sendo ampliado 27,03 ha e reduzido 67,68 ha (Tabela 8).
Figura 23 – Mapa Diferença (2012-2013), (2013-2014) e (2014-2015)
Fonte: elaborado pela autora
Capítulo 5. Resultados e Discussão
50
De acordo com os mapas das diferenças para o período de baixa vazão (Figura 24)
observa-se uma tendência de retração contínua das áreas junto à foz, ao mesmo tempo,
o gradiente de ampliação torna-se menor, com baixa taxa de aumento das áreas. Este
padrão pode estar associado à redução drástica do aporte de sedimento em direção ao
delta, resultado da baixa capacidade do rio em transportar sedimentos, após a redução em
39 % da vazão, comparando com o período de alta vazão (Tabela 8).
Se compararmos todos os valores reduzidos e os ampliados para o período de 2015
a 2018, totalizou-se 53,01 ha de ampliação para 152,45 ha de redução, ou seja, uma perda
três vezes maior que o ganho (Tabela 8).
Figura 24 – Mapa Diferença (2015-2016), (2016-2017) e (2017-2018)
Fonte: elaborado pela autora
Capítulo 5. Resultados e Discussão
51
Na Figura 25 é apresentada a diferença entre o ano de 2009 e 2018, ficando evidente
a modificação da morfologia do Delta do Rio São Francisco. A margem esquerda do delta
pertencente ao Estado de Alagoas, sofreu uma grande redução, podendo ser explicado
devido a alta incidência oblíqua das ondas ao longo da costa alagoana que ao atingir um
delta com baixa reposição de sedimento, torna a remoção de sedimentos da margem direita,
Estado de Sergipe, provoca uma intensa erosão nesta margem, como visto nos mapas
comparativos. De acordo com as estimativas, tem-se entre 2009 e 2018. Este processo
resultou em uma redução significativa da área junto à foz, como indicado pelos valores
finais, indicando uma ampliação total de 32,53 ha, comparado com a intensa erosão de
aproximadamente 124,77 ha.
Figura 25 – Mapa Diferença entre os anos de 2009 e 2018
Fonte: elaborado pela autora
Capítulo 5. Resultados e Discussão
52
Tabela 8 – Quantitativo de ampliação e redução por ano de linha de costa
Diferença
(Ano base - Ano alvo)
2009 - 2010
2010 - 2011
2011 - 2012
2012 - 2013
2013 - 2014
2014 - 2015
2015 - 2016
2016 - 2017
2017 - 2018
Ampliação (ha) Redução (ha)
113,22
23,05
21,81
118,13
14,25
27,03
25,49
18,98
8,54
21,54
102,04
55,92
18,59
117,01
37,14
67,68
32,82
51,95
Vazão Anual Média (m3/s)
(Ano base)
2.153,85
1.870,93
2.079,16
2.189,61
1.397,58
1.240,42
1.014,47
841,13
679,64
Fonte: elaborado pela autora.
5.3 Análises da variação de largura do Delta do Rio São Francisco
Utilizando-se das imagens de NDWI estimadas para extração das linhas de costa,
foi analisada a largura do Delta do Rio São Francisco para os dez anos de estudo desta
pesquisa (2009 a 2018), foi atribuído um ponto fixo na margem Sergipana do Delta,
seguindo o sentido Sudoeste-Nordeste e esta linha foi ampliada ou reduzida para sempre
tocar as margens (Figura 26).
Nos anos de alta vazão (2009 a 2012) a média de largura para o Delta é de 1.040,59
m, no período de transição de 2013 a 2015 as média da largura fica em 948,67 m, tal
redução pode ser explica pela desprendimento de sedimentos da parte interna do Delta
visto na Figura 23. No período de redução de vazão (2016 a 2018) a média sofre uma
aumento para 1.617,68 m (Tabela 9) o que demostra que os sedimento perdidos estão em
maior proporção do que os materiais particulados sólidos que alcançam o Delta.
Tabela 9 – Comprimento do delta do São Francisco
Ano Comprimento (m)
2009
1.200,66
2010
908,48
2011
1.073,22
2012
980,03
2013
900,24
2014
980,50
2015
965,27
2016
1.492,38
2017
1.635,95
2018
1.886,70
Fonte: elaborado pela autora.
Capítulo 5. Resultados e Discussão
53
Figura 26 – Local de medida para largura do Delta (sentido Sudoeste-Nordeste)
Fonte: elaborado pela autora
Visando analisar a relação inversamente proporcional entre a vazão e a largura
do Delta foi elaborado o gráfico da Figura 27. Neste gráfico é apresentado as vazões
calculado para cada ano. As linhas de tendência entre a vazão e a largura da foz indicam
um padrão inverso, onde durante a redução da vazão, ocorre um aumento na largura do
delta, demonstrando a influencia no padrão de redução no aporte de sedimento causado
pela tendência decrescente da vazão.
Capítulo 5. Resultados e Discussão
54
Figura 27 – Vazão x Largura
Fonte: elaborado pela autora
55
6 CONCLUSÃO
• As vazões sofreram variações abruptas no período de 10 anos deste estudo, possuindo
valores acima de 1.500 m3/s entre os anos de 2009 e 2012, valores abaixo de 1.500
m3/s e acima de 1.000 m3/s para os anos de 2013 e 2015 e valores abaixo de 1.000
para entre 2016 e 2018, ficando marcado três períodos que impactam diretamente no
Delta do Rio São Francisco, alta vazão (2009-2012), período de transição (2013-2015)
e baixa vazão (2016-2018).
• As imagens do satélite RapidEye, captadas através do sensor REIS, se mostraram
muito eficiência para estimativa de NDWI, tando pela sua resolução espacial (5
metros), quanto pela resolução espectral, permitindo a extração das linhas de costa
de forma bastante detalhada.
• As linhas de costa extraídas a partir da imagens estimadas de NDWI, seguiram a
tendência de variação conforme os períodos de vazão, no período de 2009 a 2012 as
variações foram mínimas, começando as modificação mais severas partir de 2013 e
modificando completamente entre 2016 e 2018.
• A variação da morfologia da região do Delta do Rio São Francisco possui um
balanceamento entre os sedimentos que chegam no Delta através do leito do Rio e
os que são retirados pela deriva litorânea entre os anos de 2009 e 2012, entre 2013
e 2015 houve uma ampliação e redução bastante controlada, em um ano perdia-se
materiais sólidos em outro os mesmos eram repostos. Posteriormente a 2015 a perda
de sedimentos sempre supera as ampliações, em grande parte pela redução abrupta
da vazão.
• Com a analise de todos os pontos abordados, e analisando também a variação
interanual da largura do Delta do Rio São Francisco, concluiu-se que existe uma
relação inversamente proporcional entre a variação de vazão e a ampliação da largura
do Delta, no período de alta vazão, o Delta se mantinha com largura média de
1.040,59 m, no período de transição média de 948,67 m e no de baixa vazão existe
um aumento médio significativo para 1.617,68 m.
• Diante de todo o exposto notasse que a variação de morfodinâmica do Delta do
Rio São Francisco, vem sofrendo grandes e abruptas modificações, tendo um dos
principais motivos a regulação da vazão do Rio, acarretando a redução do transporte
de sedimentos, o que acaba ampliando de forma significativa a ação da deriva
litorânea. Estes fatores vem contribuindo com a ampliação da largura do Delta, o
que modifica a linha de costa e trás impactos ambientais a região.
Capítulo 6. Conclusão
56
6.1 Recomendações
Como recomendações para trabalhos futuros seriam interessantes estudos mais
aprofundados voltados a analise dos impactos ambientais que a variação morfológica do
Delta do Rio São Francisco pode gerar. Tanto relacionados a impactos no meio natural
como no meio antrópico.
Outro ponto interessante seria a prospecção de como o cenário poderia ficar caso
houvesse outras variações de vazão, assim, poderia ser pensado cenários estratégicos que
atendesse a contenção por conta da seca, porém, que impactasse mesmo o curso d’água.
Por fim, espera-se que o conteúdo desta pesquisa contribua para o crescimento
científico da gestão de recursos hídricos através da integração com o sensoriamento remoto
e os softwares livres.
57
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